sexta-feira, agosto 15, 2008

Carta ao Magnífico Reitor

No próximo dia 1º de setembro completo 10 anos como servidora técnico-administrativa nesta instituição.

Estou aguardando ansiosamente por esta data, já que pelo que consta no Estatuto da FURB, recebo o benefício de 90 dias da licença prêmio.

Estava até planejando uma viagem aos Estados Unidos para aprimorar meus conhecimentos em língua inglesa, usando parte do benefício.

Até ontem, quando me deparei (novamente acompanhado do “efeito surpresa”) com um e-mail vindo da Administração Superior dizendo que está aprovando uma mudança no estatuto com a qual eu teria que esperar mais 5 anos para receber esse já tão esperado benefício.

Ora, Magnífico Reitor, nada aconteceu além de eu desabar! Exagero?! Talvez. Mas será que diante da minha “carreira” profissional eu poderia ter outra reação?

Estou, como já citei, há 10 anos trabalhando como servidora concursada na FURB, fora os 2 anos como bolsista em períodos anteriores.

Durante este tempo cursei a graduação em Moda e estou me capacitando em língua inglesa com a ajuda da Administração Superior. Assim que me formei, solicitei diretamente ao reitor, que utilizasse minha capacidade desenvolvida no curso porque eu queria de alguma forma devolver à Universidade o benefício recebido em forma de desconto nas mensalidades. Recebi como resposta: não há vaga disponível para sua colocação em função compatível no momento. Não, Magnífico Prof. Eu não pedi um cargo de estilista. Eu só queria poder ajudar o Curso de Moda a melhorar ainda mais com minha colaboração. Enfim...

Depois de 5 anos trabalhando na Pró-Reitoria de Extensão imprimindo certificados, função extremamente desafiadora e instigante, recebi da Profª. Lúcia Sevegnani, Pró-Reitora na época, a chance de organizar o BRIQUE FURB. Logo em seguida ao sucesso das duas primeiras edições realizadas, foi aprovada resolução que proibia servidores técnico-administrativos de coordenar atividades de extensão, tais como o BRIQUE. Justificativa: falta de capacidade da grande maioria. Segundo minha chefia, eu era uma exceção à regra. Neguei-me a coordenar as outras edições, obviamente, a fim de não desrespeitar a legislação interna aprovada.

Depois dessa decepção, continuei ainda por um tempo imprimindo certificados (utilizando os recursos de mala direta do Microsoft Word!) por uns dois anos até surgir uma vaga na recepção do NI que agora é DTI. No começo foi interessante porque afinal tratava-se de tecnologia que é um assunto que me atrai, havia alguns arquivos a organizar e metodologias a implantar. Estou aqui até hoje, abrindo a porta (automática), atendendo ligações, fazendo alguns memorando e pedidos de material nos sistemas, além de organizar a agenda do Prof. Fábio Luiz Perez. Dia-a-dia, como podem perceber, que continua sendo super estimulante e criativo, bem de acordo com minhas capacidades e competências que a Universidade ajudou a formar. Solicitei uma bolsa junto à FFM para então cursar pós-graduação em Moda para quem sabe num futuro próximo exercer a função de docente nesta Universidade. O valor da bolsa oferecida? 10% de desconto. Estupendo, não é?! Infelizmente não consigo honrar com um valor como este porque no momento faço terapia para manter minha saúde mental o mais íntegra possível, visto meu dia-a-dia como já disse, tão estimulante.

Então poderiam me dizer: “você está reclamando por um emprego sem grande esforço com um salário ótimo e isto é loucura!” Será?! Talvez para os acomodados que acreditam que as pessoas devem se conformar e resignar-se com as imposições das crises do sistema. Será que os servidores da FURB são essas pessoas?! Será que merecemos ser tratados desta forma? Sem que nossos planos, aspirações e opiniões sejam levadas em consideração no processo “administrativo” da instituição?!

O que eu ouço então pelos meus colegas professores pelos corredores: se não está satisfeito, saia, vá em busca de novos horizontes, novas realizações!

E jogar no lixo a contribuição de 10 anos, ao Fundo Previdenciário sem direito a nenhum ressarcimento?! Sem receber NADA em troca além de todo conhecimento
(que não tem preço, eu sei) recebido nesse tempo? Para mim, conhecimento é fundamental, mas pelo jeito, a saúde financeira, para a administração superior é muito mais! Mais do que a preocupação com uma administração competente preocupada realmente com as pessoas, suas necessidades e competências de forma moderna, ágil e eficiente. Andem pelos corredores e dêem uma olhadinha na carinha animada das pessoas desta Universidade! Talvez encontrem alguns alunos felizes porque o professor, de novo (êba!), soltou a turma mais cedo porque tinha que buscar o filho na escola, já que a esposa está fazendo progressiva no salão mais badalado da “city”.

E se a medida da alteração do Estatuto é para beneficiar os professores, sempre tão mais sábios, criativos e competentes, que se abra um parágrafo no Estatuto que os beneficie diretamente, como já é feito em tantos outros documentos da Universidade, aprovados nos Conselhos Superiores, formados em sua maioria, é claro, por professores! E deixem que nós, os incapazes servidores técnico-administrativos, usufruam suas licenças com suas atividades como sempre. Ou pelo menos lhe dêem oportunidade de NÓS escolhermos o que é melhor.

Esse é meu desabafo e minha sugestão, Magnífico Reitor.

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