sexta-feira, outubro 16, 2015

48º Congresso da UNE - A visão de uma estudante de Moda da FURB

48º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes)
19 a 22 de junho de 2003
Goiânia - GO

A visão de uma estudante de Moda da FURB
 
Massa politicamente deficiente, manipulada pela UJS (União da Juventude Socialista), pelo PC do B (Partido Comunista do Brasil) e pela atual gestão da UNE, que coincidentemente tinha a melhor estrutura para divulgação de sua tese[1].  A massa, inclusive eu, era animada pelos chamados chefes de delegação[2], que mais pareciam aqueles animadores de auditório de programas dominicais.

Em oposição – ou esquerda - estavam partidos como PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), PCO (Partido da Causa Operária), PT (Partido dos Trabalhadores) em suas mais diversas facções, PFL (Partido da Frente Liberal), PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), PDT (Partido Democrático Trabalhista), entre outros.
Goiânia - GO

Curioso, não?  Ao contrário do que eu, na minha ignorância político partidária, sempre pensei, o PC do B ali era a direita.  Tudo muito estranho...
Entre esquerdas e direitas, eu estava no meio de um debate visivelmente – e por que não, quase exclusivamente – político partidário, onde garrafas de água voavam; onde pessoas, que segundo meu chefe (democracia estranha essa, né?), compunham a UNE, se amontoavam em filas quilométricas por um prato de feijão com arroz ou um pãozinho diminuto e onde havia muita cerveja (cara!), maconha e imaturidade pessoal e política.  Isso tudo depois de pagar uma inscrição considerável[3].

A "desorganização" do Congresso estava uma beleza!  Alojamentos precários (eu fiquei num colégio super simpático e sujo, tomando banho gelado num chuveiro que ficava exatamente em cima de uma privada onde geralmente tinha um cocô boiando), segurança impecável (roubaram várias mochilas no alojamento e a revista na entrada das plenárias[4] era inexistente até alguém ter a cabeça quase quebrada por um objeto voador não identificado), alimentação ágil e planejada (a comida era boa, apesar do cardápio quase nada variado, mas depois de uma fila de duas horas embaixo de sol, o que não se torna gostoso, né?) e programação cultural intensa (dois grandes shows – Alceu Valença e Mestre Ambrósio – que eu não vi porque minha distinta delegação chegou atrasada; clipes estrangeiros nos intervalos de quase 10 horas entre o café da manhã – o pãozinho diminuto, lembra? – e alguma coisa acontecer; e um tal de CUCA, que de Cultura e Arte tinha muito pouco).

O maior Congresso da história da UNE, conforme repetido exaustivamente, vai marcar minha história com tristeza, perplexidade e preocupação com o futuro da entidade e da política brasileira.  O esforço das pessoas que "me levaram" ao 48º Congresso da UNE se resumem a uma boa retórica e justificativas vazias para um socialismo que Deus queira um dia deixe de ser utópico e traga à humanidade uma verdade construída com justiça e sabedoria.

DIÁRIO DE BORDO

Dia 17 de junho – Terça-feira

Eu estava com toda bagagem pronta, porque conforme meu chefe de delegação havia dito, sairíamos de Blumenau em direção à Goiás, à meia noite.  Pois é... Alguém me informou pelo celular que a viagem havia sido cancelada porque descobriram que o ônibus era muito podre.  Menos mal, né?  Mas alguma coisa não bateu bem.  Não sei porquê senti uma tremenda vontade de desistir, mas pôxa, eu fui eleita e isso não era justo com os estudantes do meu Curso.  Mais 24 horas de espera não fariam tanta diferença, acreditei eu.

Dia 18 de junho – Quarta-feira

Após 1 hora e meia de atraso debaixo do ponto de ônibus com muita chuva ao redor, embarquei no ônibus leito de quarenta lugares, padrão classe A, já na madrugada de quinta-feira.  Apesar da falha na pontualidade – o que me irrita muito! – com um ônibus desse, reclamar do quê? Após breves esclarecimentos e apresentações, a delegação com pessoas da UNIVALI, FEBE e FURB dormiu tranqüilamente.

Dia 19 de junho – Quinta-feira

Dia de viagem.  Nas paradas, comidas exorbitantemente caras e um pouco de nicotina pra relaxar da tensão do eterno sentar-se.  A delegação está mais entrosada, mas o papo gira em torno da expectativa para o Congresso e assuntos como a diferença de um radical e um moderado, quem foi Trotski, entre outras questões do gênero.  Vídeos repetindo-se nos três aparelhos de televisão do ônibus e alguns copos suspeitos percorrendo seu corredor.  Dormir é o jeito!

Dia 20 de junho – Sexta-feira

Chegamos.  Goiânia me recebeu com olhares desconfiados, ruas sujas e uma temperatura super baixa, que aumentou entre o tempo que chegamos ao alojamento e o que ficamos esperando desocuparem algum quarto/sala de aula do Colégio Estadual Pré Universitário, que segundo nosso "chefe", estava reservado somente para as pessoas – em alguns momentos observadores e suplentes até foram considerados pessoas! – vindas de Santa Catarina.

Até a hora do almoço aconteciam palestras sobre assuntos referentes à Universidade em local para mim incógnito.  Tudo bem... Tava todo mundo com sono mesmo!

Depois do almoço no R.U. (Restaurante Universitário) no Centro Universitário da UFG (Universidade Federal de Goiás), estavam acontecendo discussões muito interessantes sobre as propostas que seriam levadas às plenárias no dia seguinte.  As propostas que iríamos votar neste dia à noite, já haviam sido discutidas.

Haviam muitos carros de som com militantes de vários partidos berrando – literalmente! – palavras de chamado para discussões macro (a UNE adora isso!) e de questões específicas de algumas áreas.  Ai, que dúvida cruel!  Para onde ir agora???  Tudo bem... Tava todo mundo com sono mesmo!

Após uma soneca então, fomos encaminhados em mutirão – ou seria arrastão? – para o Estádio Serra Dourada, onde ficamos esperando - mais exatamente sentados no chão da quadra do ginásio, ao lado do estádio – começar a votação das propostas.  Em pauta: cenário nacional e internacional e a posição da UNE frente às questões.  Lindo!  Se a votação não tivesse atrasado umas três horas.  Mal sabia o que aconteceria no dia e na noite seguinte...

Votei junto com o curral, mas nem me dei conta disso.  Santa inocência!  Em algumas horas até me senti realmente feliz de estar ali participando de um momento tão importante para a história da UNE e do Brasil, mas tudo não passou de uma empolgação de principiante.


Dia 21 de junho – Sábado

Acordei super bem humorada no sábado porque afinal, depois de um belo discurso do "chefe" sobre a importância da UNE e como foi crucial sua participação na história brasileira, iríamos para o ginásio hoje discutir questões ligadas diretamente a minha realidade, políticas de Universidades públicas e privadas.

Fiquei entre espera na quadra do ginásio, espera na fila pra comer, comendo, e novamente sentada na quadra, exatamente oito horas.  Ah, eu fiz xixi de vez em quando porque afinal de contas tomei algumas garrafinhas de água de R$ 2,00 durante todo esse tempo!

A discussão finalmente iria começar!
-          Povo, sobe lá pra arquibancada mais alta do ginásio!
-          Povo, desce!  Desculpa...

Sinceramente, não há maturidade política que resista!  Por pouco não mandei o "chefe" pr´aquele lugar que vocês sabem...  Voltei com outros dois conscientes membros da minha delegação, a pé, para o alojamento onde tomei banho na água gelada que caía do chuveiro na privada, dessa vez sem cocô.  Ufa!
Fui, finalmente, dar uma voltinha na praça central do Centro Universitário onde acontecia uma grande movimentação – basicamente capitalista – com muitas barracas e comidas gostosas como a tapioca que experimentei pelas mãos de um dos "chefes" (afinal eles não eram de todo mal).  Essa mesma movimentação (vendia-se de camiseta do Che Guevara e livro – do Trotski! – a cachaça da Paraíba ) podia ser vista nas imediações do Estádio.  Pelo menos a gente podia passar o tempo olhando (porque comprar era meio difícil, né?) as bugigangas ou lendo umas teses alheias à que a minha delegação defendia.

Na volta para o alojamento, cama. E dormi até ouvir uma seqüência de três estouros e entrar uma menina chorando compulsivamente no quarto / sala de aula dizendo que tinha visto o revólver, que o cara ia entrar ali pra matá-la, que a gente ia se ferrar, enfim, praticamente uma cena do cinema novo brasileiro retratando a violência contemporânea.  Eu, obviamente, não preguei o olho a noite toda, né?  No dia seguinte descobri que os estouros eram na realidade três bombinhas vindas de um tal de "Arraial do Cerrado", freqüentado por muitos dos meus companheiros de  delegação.  Tudo não passou de um susto, que poderia ser evitado por segurança mais efetiva.

Dia 22 de junho – Domingo

Ao acordar eu só conseguia pensar que logo, logo eu estaria em casa, no sossego do meu lar...

Acordei e tomei café (R$ 3,80 por um pão de queijo, um misto quente, uma média e um suco de laranja) no colégio em frente ao nosso e descobri que realmente a desorganização não era total e que eu realmente fui extremamente azarada em ser catarinense nesse momento.  Mineiros e paulistas tinham à sua disposição uma estrutura muito com boa com banheiros de mármore, sabonete na pia (!) e papel higiênico (!!!!!!!).  Tudo bem...  Prefiro passar um aperto alguns dias e ter orgulho de ser catarina durante todo o ano.

Chegamos no ginásio – a esta altura eu já estava íntima desse caminho – e antes de sair do ônibus (umas 9h30min da manhã) combinamos que após a votação, prevista para as 11h a delegação se encontraria no ônibus e tomaria o caminho da roça, ou melhor, de SC.  Fiquei até às 14h30min sentada no ginásio (que novidade!!!!), comi um sanduíche natural e uma coca-cola (só pra confrontar a oposição, que neste momento era qualquer pessoa filiada a qualquer partido político!) e fui pro ônibus ler o Pasquim 21.  Que maravilha!  Sossego...  Até que apareceu o "chefe", às 16h30min, me convidando para assistir a plenária final, na qual seria eleita a nova chapa da UNE, apesar de eu já ter pronunciado a minha abstenção na referida votação.

Voltei a sentar-me na quadra do ginásio, carregando meu travesseiro dessa vez.  Às 19h, começaram as apresentações das nove chapas.  Cada uma tinha 5 minutos para a defesa e a cada discurso uma série de – Conclua, companheiro!, eram pronunciados.

Voltei pro ônibus.  Às 22h30min chegaram os últimos perdidos e após muita discussão e pingos nos "is" o motor foi ligado e finalmente começava a viagem de retorno à Blumenau.

Dia 23 de junho – Segunda-feira

Acordei 6h da manhã em Uberaba, MG e fui direto para o banheiro tirar um pouco da craca de Goiânia (a cidade era extremamente poeirenta) que ainda restava em meu corpo.  Com a toalha ainda na cabeça, olhei o "chefe" dizendo que o motorista estava saindo e se eu não corresse ia perder o ônibus.  Putz!  Sentiu, né?  Correria total.

Foi assim mais ou menos o resto do dia, com alguns acordos e muitos desacordos, que passamos dentro do ônibus.  Quase fui eleita a mais chata e mais mala do ônibus, numa votação (ai, de novo!) com intuito de divertir a galera.  Tudo bem.  Sou mala, mas não sou pau mandado!  Ou será que fui considerada mala justamente por não concordar com tudo que me falaram??

Às 22h30min avistei a placa da Hacco Etiquetas e mêu, que felicidade!
Minha cidade, minha casa, minha cama, minha realidade (que até pode ser considerada medíocre por alguns, mas...) que eu adoro!!!!!!



[1] Estrutura de propostas para o próximo período de gestão da UNE, caso a chapa ligada à tese seja eleita no Congresso, além de diretrizes para as votações que ocorreram no 48º CONUNE.
[2] Chefes de delegação são os responsáveis pela coordenação de eleição ou indicação dos delegados (com poder deliberativo / de voto) de cada Curso de Graduação nas Universidades.  São as pessoas que agilizam os trâmites da viagem e se responsabilizam pela delegação (conjunto de estudantes de uma mesma Instituição, de um mesmo ônibus ou de um mesmo estado).
[3] Delegados pagaram R$ 30,00 e Observadores e Suplentes R$ 60,00.  Atentem que só delegados tinham mais de 6.000!
[4] Reunião de todos os participantes do Congresso para deliberação de propostas discutidas anteriormente e eleição da chapa gestora da UNE nos próximos 2 anos.

quarta-feira, agosto 28, 2013

Boa filha a escrever torna

Há tempos venho pensando que deveria retomar uma atividade que amo, que é escrever. Pensei em comprar um caderno, escrever um diário, ainda mais agora que estou grávida, esperando um bebezinho fofo... :-) Mas me deparei com uma inevitável verdade: isso não está mais em mim. Triste isso, né? Mas é. Eu não pertenço mais ao meu mundo de origem, ao lápis, à caneta e ao papel... Esse novo mundo digital de "Aipodes", tablets, smartphones e telas é minha realidade. Posso num exercício de regresso fazer uns resumos em papel. Mas escrever mesmo, organizar ideias em frases e torná-las expressão... Isso só na ponta de todos os dez dedos (sim! eu fiz curso de datilografia!). Então estou aqui, me despindo de toda autocrítica ferrenha que me acompanha diariamente e insistentemente, e me mostrando ainda mais. Porque escrever tem isso, né? Exposição total!!!! Pode até ser pensada, calculada, mas no meu caso, acreditem, não é por pura incompetência. Até queria ser daquelas pessoas super calculistas que conseguem projetar uma imagem programada. Mas não sou. E daí, aqui sou eu mesma, nuazinha em ideias e pensamentos, usando esse espaço pra desabafar. Se alguém quiser ler, legal. Se não quiser, tudo bem. Ando aprendendo que nem tudo é pra ser visto, lido ou sentido. Que nonsense não é tão sem graça quanto eu pensava e que o ócio pode ser um bom companheiro, sem culpa. Então é isso. Comecei! :-)

terça-feira, junho 16, 2009

Só de passagem...

Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio.
O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros.
As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estão seus móveis? Perguntou o turista.
E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:
- E onde estão os seus....?
- Os meus?! Surpreendeu-se o turista.
- Mas estou aqui só de passagem!
- Eu também... - concluiu o sábio.

"A vida na Terra é somente uma passagem... No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e se esquecem de ser felizes."


"NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL.
SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA..."

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Falando pelos cotovelos...

Quem me conhece sabe que eu não resisto a ver uns sorrisos dos amigos no boteco após contar uma boa história, geralmente íntima, da minha vida (bem) real...
O que tô percebendo - às custas de muita dor de cotovelo e esporros homéricos - é que essa minha boca grande me traz váááários problemas junto com essas gargalhadas efêmeras.

O horrível é que isso faz super parte da minha personalidade e na última vez que fiz o teste da boca fechada - após contabilizar alguns estragos da tagarelice - ouvi umas 20 vezes a pergunta: "Tá tudo bem contigo, Regi?! Tu tá tão quietinha..." Ou seja, parece que não tenho mais o direito de tentar ficar quieta um pouquinho, falando de amenidades e de coisas que não envolvam outras pessoas, mesmo que esse envolvimento seja em relação à minha pessoa.

Sabe aquela história da peneira? Então... Não uso! Tenho sido boca aberta, fofoqueira confundida com malidicente - que é uma mentira deslavada. Falo pra divertir, pra fazer rir, pra entreter. Tenho que descobrir o dom do silêncio, mas não apenas com a consciência... "By heart" mesmo! Por que quando não falo isso me incomoda (isso inclusive já foi tópico na terapia) e é muito triste isso... Queria ser igual aquelas pessoas que parecem tão em paz ali quietinhas. Que não ficam agoniadas querendo fazer comentários espirituosos (tá... o tempo todo não dá!) como eu quero.
Isso acaba sendo chato... Será que sou chata? Acho que às vezes sim. Então: antes um chato calado que um chato tagarela, né?

Vou tentar... Outro dia venho aqui dizer se consegui...
Um minuto de silêncio pra comemorar a nova fase então!

...
...
...
...

Ai... Acho que deu uns 20 segundos... Tá! Já é um começo... :-P

terça-feira, setembro 30, 2008

Ah, a arte... Esse bichinho safado...

(...) a arte não é imitação da vida, mas a
vida que é imitação de algo essencial
que a arte nos põe em contato.

ARTAUD

"Roubado" do http://ipensa.blogspot.com/

Tô adorando essa história de blogs com pessoas de Blumenau tão interessantes... É maravilhoso ver esse povo que faz arte. É maravilhoso poder compartilhar essa arte com eles!

Não deixe de fuçar também o http://umescambau.blogspot.com/

Coisas finassss! ;-D

sexta-feira, setembro 26, 2008

Seria bom perdermos algumas coisas de vez em quando


Ontem achei que tivesse perdido meu IPod. Tentei ficar puxando na memória como tinham sido meu últimos momentos com ele... A última carga, o encaixe no ITrip, a escolha do Intérprete, minha voz junto cantando as músicas no carro, o turn-off, e ele entrando na meinha protetora com estampa de zebra e corações. Eu lembrava nitidamente disso tudo na manhã de quinta-feira e de repente ele sumiu!
Pode estar dentro do porta-luvas. Revira porta-luvas, tira tudo, faz cara de choro, põe tudo de volta. Na bolsa! Vira de ponta cabeça e tudo cai. E nada dele. Mil imagens projetadas na mente comprando outro, fazendo orçamentos, a dor no bolso, a dor dos dados perdidos...
Indie Rock Me. Bla bla bla era tudo que eu ouvia dos amigos porque minha cabeça tava lá, no IPod perdido, azul, lindo, cheio de músicas que eu amo e que tá, tudo bem, estão no meu ITunes, mas pôxa! Calma! Tuuuuudo vai se resolver... Do nada ele vai aparecer. Chega em casa depois do caminho ouvindo um cd meio arranhado pelos solavancos dos paralelepípedos que ainda persistem nas ruas de Blumenau. Banho rápido. Mais projeções de imagens. Posso pedir pra alguém trazer outro dos Estados Unidos. Não é o fim do mundo. É só um objeto! Tudo bem que é um objeto de desejo de 99% das pessoas que considero ter desejos interessantes, mas ah, é só comprar outro... AAAAAAA!!!! Que ódio! E se alguém roubou?! Ai... Que pessoa do mal... Deus castiga, sabia? Dormi.

Acordei, inspirei e tentei manter a calma e buscar pensamentos de serenidade e desapego. Antes de sentar no meu banco e dar a partida resolvi mais uma vez revirar o porta-luvas. Tirei tudo e nada! De repente, apoiada nos joelhos, já sem esperanças, voltei o olhar para o banco vazio do motorista e corações! Zebrinha!!!!! Ai, que alívio!
Vim para o trabalho ouvindo Autoramas e pensando que seria tão bom perder algumas coisas de vez em quando... ;-)

sexta-feira, agosto 29, 2008

Um desabafo sobre a tarde de 28/08/2008

Em 1999, quando soube que a FURB abriria concurso para contratação de servidores, não tive dúvidas: fiz minha inscrição.

A possibilidade de trabalhar em uma Universidade gerou expectativas, afinal é um ambiente dinâmico, em constante transformação, produtor de conhecimento e democrático.

Estudei muito para passar este concurso. Na época eu não trabalhava e pude dedicar boa parte do meu tempo aos estudos dos conteúdos exigidos na prova. Além disto, estudei todo o estatuto da Universidade, bem como seu organograma. O que quero dizer com isso é que eu queria muito trabalhar aqui.

O dia da prova chegou e algum tempo depois saiu o resultado: eu havia passado. Foi com muito orgulho que ingressei no quadro de servidores da FURB, em 17 de fevereiro de 2000.

Faz oito anos que trabalho na Universidade e não me lembro, durante todo este tempo, de ter sido tratada com tamanho desrespeito. Está certo que meu cargo administrativo requer apenas o nível médio de ensino, mas isso não significa que eu e meus demais colegas sejamos idiotas. Porém, foi desta forma que fomos tratados hoje à tarde.

Com o discurso de "vamos discutir propostas" o CONSAD iniciou. E óbvio que, como das outras vezes, a discussão não ocorreu. Desta vez, quem estava lá pode confirmar algo que sempre se escutou pelos corredores: que o CONSAD não serve para discutir, mas apenas para legitimar e aprovar as decisões da Administração Superior.

Gostaria de destacar dois pontos que chamaram minha atenção:

1º - Entendo que aqueles que possuam cargos de confiança não tenham coragem de ir contra uma proposta da Administração Superior com receio de sofrerem algum tipo de "punição", como por exemplo, perderem seus cargos (e regalias). Entendo, mas isso não quer dizer que eu concorde com essa postura. Particularmente, não acredito que um cargo valha tanto quanto ter a consciência tranqüila por não vender sua opinião. Não entrarei nesta questão porque, além desta discussão tomar grande parte de nosso tempo, cada um tem livre-arbítrio para eleger a conduta que deseja ter perante a vida. Assim, pelo menos as pessoas se mostram como elas verdadeiramente são. Esse é o nosso consolo para não nos deixarmos mais enganar.

O que eu realmente não entendo é a postura da maioria dos Diretores de Centro. Estes servidores ali estão porque foram eleitos pelos servidores e estudantes. Contudo, esqueceram-se de que ali eles deveriam representar aqueles que os elegeram e não os seus interesses particulares ou os da Administração Superior. O cargo que ocupam não é indicado, mas eletivo: por que o medo de ouvir e representar aqueles que os elegeram justamente para isto?

O único que teve esta postura, confirmada pelos servidores do Centro, foi o diretor do Centro de Ciências Humanas e da Comunicação – CCHC, professor Clóvis Reis, que já na reunião do dia 21/08 havia dito que depois de conversar com seus pares, votaria com o SINSEPES porque esta era a decisão deles.

Se algum outro diretor de Centro agiu da mesma forma, não deixou isto claro para aqueles que estavam presentes no CONSAD. O que constatamos foi: excetuando-se o CCHC, todos os outros diretores não têm esta postura - uma vez nos cargos, esquecem-se de quem os colocou lá (será que eles têm coragem de criticar os políticos??). Do que eles têm medo? De cortes no orçamento? Este é o poder de argumentação da Administração Superior?

2º - Como pessoas que chegaram atrasadas, tendo já passado boa parte da reunião, têm direito a voto? Elas não ouviram as propostas, não participaram das discussões (ah, desculpem-me, esqueci-me de que isto não ocorreu): como podem votar? Com base em que argumentos elas tomaram sua decisão?

Enfim, a reunião foi patética e mais uma vez trataram os servidores como palhaços. O resultado? A maioria disse "amém" para a proposta da Administração Superior, passando por cima das propostas de alteração sugeridas pelos servidores.

Infelizmente, hoje tive a certeza de que a FURB não é democrática. Esta idéia que eu tinha logo quando comecei a trabalhar aqui era apenas ilusão de uma jovem e inexperiente servidora!

Depois desta decisão, imagino como todos estão "motivados" para continuar exercendo suas funções. Muito obrigada Administração Superior, por mais esta "injeção" de ânimo!

Deixo para todos pensarmos, duas sugestões:

1ª – Muitos de nós fazemos e damos para a Universidade muito mais do que aquilo que o nosso cargo exige, seja por necessidade (não tem ninguém no setor que faça), seja por percebermos que isso é bom para o andamento da instituição. Se esta é a maneira que FURB encontra para reconhecer nosso trabalho, podemos retribuir da seguinte forma: leiam no Plano de Carreira (Resolução 01/96) a descrição de seus cargos e exerçam, no dia a dia, somente as funções que estão descritas. Qualquer coisa que esteja além daquilo que ali está colocado é desvio de função. Esta será a nossa forma de agradecer ao CONSAD pela "ampliação" de benefícios. Para aqueles que têm o mesmo cargo que eu (Auxiliar de Serviços Administrativos), eis aqui as nossas funções:

"DESCRIÇÃO SUMÁRIA

Recepciona clientes e visitantes da Instituição, procurando identificá-los, averiguando suas pretensões, para prestar-lhes informações, marcar entrevistas, receber recados ou encaminhá-los a pessoas ou setores procurados.

DESCRIÇÃO DETALHADA:

Verifica documentos; procede registros e anotações; efetua serviços de rotina; consulta arquivos e controle existentes; leva e distribui processos; vincula-se ao aprendizado de serviços genéricos da área administrativa da seção que está lotado, sob orientação. Pode operar terminais de computador e/ou outros componentes. Atende o visitante ou cliente, indagando suas pretensões, para informá-la conforme seus pedidos; atende chamadas telefônicas, manipulando telefones internos ou externos de disco ou botão, para prestar informações e anotar recados; registra as visitas e os telefonemas atendidos, anotando dados pessoais ou comerciais do cliente ou visitante, para possibilitar o controle dos atendimentos diários; controla o quadro de chaves dos setores. Desempenha outras atividades afins à sua área de atuação."

2ª – Para aqueles que trabalham em Centros ou com chefias que tenham voto no CONSAD: peçam aos seus diretores/chefes que justifiquem seus votos. Por que votaram contra a proposta dos servidores? Que representatividade é esta? Vocês os colocaram lá e têm o direito de cobrar uma justificativa. E o que é mais importante: nas próximas eleições de Centro lembrem-se disto quando estes mesmos diretores tentarem se reeleger ou quando estiverem apoiando outros candidatos.

Para terminar, gostaria de dizer que foi uma grande decepção ver que as decisões na FURB são tomadas da forma como aconteceram hoje. Sugiro a todos que participem das discussões que acontecerão em virtude das decisões de hoje à tarde. Não seja mais um a dizer ao seu colega: "vai lá e depois me diz o que é que deu (sic)". Dê sua opinião, faça-se presente, manifeste-se. Afinal, quem cala consente.

Carolina Giordano Bergmann